Popularmente conhecida no Brasil como “xistose”, “barriga d’água” ou “doença dos caramujos”, a esquistossomose é uma doença parasitária e tem ligação direta com o saneamento básico precário.
Esse parasita, conhecido cientificamente como Schistosoma mansoni (existem outros 6 tipos associados à doença), pode ser encontrado em áreas como Oriente Médio, África Subsaariana, Caribe e Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da doença acontece quando o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercárias e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas, ao sofrer penetração ativa das larvas através da pele, normalmente na região dos pés/ pernas.
O parasita penetra na pele humana atingindo a corrente sanguínea, migrando para o fígado, intestino e outros órgãos.
O tempo para aparecer os primeiros sintomas a partir da infecção ocorre em cerca de duas a seis semanas.
É considerado um problema de saúde pública devido a severidade dos sintomas e sua evolução.
Fatores de risco para contaminação:
- Existência do caramujo transmissor;
- Contato com a água contaminada;
- Fazer tarefas domésticas em águas contaminadas, como lavar roupas;
- Morar em região onde há falta de saneamento básico;
- Morar em regiões onde não há água potável.
Esquistossomose medular:
Considerada uma das formas mais perigosas da doença, a esquistossomose medular pode comprimir a medula, cone medular e cauda equina, causando sintomas neurológicos que são decorrentes dos ovos produzidos pelo parasita, que podem se alojar no cérebro, medula e nervos, causando uma intensa reação inflamatória que leva à lesão destas estruturas.
O diagnóstico é feito através de exame de ressonância magnética da medula espinhal que demonstra a lesão inflamatória que se desenvolve ao redor do ovo do Schistosoma.
Sintomas e tratamento da doença:
Os exames de fezes e de sangue vão diagnosticar a presença inicial do parasita. O sintoma mais comum é a queimação e dor na região lombar com irradiação para as pernas. Com o tempo e evolução do quadro do paciente, pode apresentar perda de controle de urina e fezes, além da diminuição na força muscular ou, nos casos ainda mais avançados, a paralisia nas pernas. Embora o tempo para o aparecimento dos sintomas leve cerca de duas ou três semanas, na esquistossomose medular o início do quadro clínico pode variar de semanas até anos após o contato inicial do paciente com a água infectada, dificultando ainda mais o diagnóstico que vai ser confirmado através de ressonância magnética da coluna, exame de líquor e exame de sangue (sorologia para esquistossomose e outros).
O tratamento indicado para a doença é realizado com medicamentos para matar o parasita além de remédios para diminuir a inflamação.
Se a doença for diagnosticada cedo, o paciente pode ser tratado com rápida recuperação. Se houver diagnóstico tardio, pode ocorrer risco de paraplegia permanente ou até o óbito.
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que no Brasil cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em áreas sob risco de contrair essa parasitose, sendo sua apresentação medular uma das formas mais raras da doença, estimada em 1-2% dos casos